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Minuit Noir, Lolita Lempicka

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Quem acompanha o blog sabe que eu morro de amores pelos perfumes Lolita Lempicka: cheiro, frasco, conceito, tudo me agrada na marca.

Perfumes feitos para fadas, sereias e ninfas. Mas desta vez meu pensamento foi além: pensei na Deusa gaulesa Abnoba, protetora dos rios e florestas. Por outro lado pensei na lâmpades, ninfas subterrâneas do séquito de Hécate…

  

Porque Minuit Noir é escuro. Escuro, misterioso, convidativo. Poção forte: ame ou odeie.

Feito do que dorme no leito da terra, do que está escondido, de raízes. Somente deusas e ninfas que conhecem bem a terra que abençoam poderiam saber onde estão ocultos esses tesouros.

No primeiro contato achei que o perfume tinha forte aspecto medicinal e cheiro de queimado. Pensei em xarope fervido e reconheci  uma nota já bem conhecida para os amantes da marca Lolita Lempicka: o alcaçuz, desta vez com potência máxima.

Depois surge outro ‘tesouro enterrado’, o patchouli. Escuro e profundo, torna-se achocolatado depois de umas 2 horas na pele.

Iris e violeta são flores que geralmente causam efeito boudoir, nos fazem pensar em maquiagem. Não aqui: essas notas florais empoadas, adocicadas e mágicas, trazem a lembrança de que toda mulher carrega dentro de si um poder muito forte, ancestral e místico.

O perfume foi uma edição especial lançado em 2010.

Notas olfativas: alcaçuz, patchouli, íris, violeta.

 

 

 


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Anúncio Mappin, 1922

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Visitando o fantástico site São Paulo Antiga, me deparei com uma matéria com antigos anúncios de uma das lojas mais saudosas: o Mappin!

Que boas lembranças tenho da infância, quando ia com minha mãe e avó ‘na cidade’, e claro, no imponente e eficaz Mappin. De tudo tinha lá!

A parte da perfumaria era farta, cheia de atendentes bem maquiadas. Produtos de marcas como Helena Rubinstein (essa lembro bem porque minha mãe adorava ver – e ver não significava comprar) e os últimos lançamentos de perfumes eram expostos! Mas isso foi nas décadas de 80/90. Conta minha mãe que em sua época de juventude, a loja tinha um belíssimo salão de chá. E as moças vaidosas iam tomar chá, comer bolos e ver os últimos laçamentos em cosméticos e moda! Que delícia devia ser!

Segue então o anúncio (1922) retirado do site citado, olha que maravilha, moça faceira em sua penteadeira, rodeada de perfumes e ‘pinturas’!

https://i2.wp.com/www.saopauloantiga.com.br/wp-content/uploads/2013/11/1922x.jpg

Saudades, Mappin!


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L’Heure Bleue, Guerlain (republicação)

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Seu nome é traduzido para ‘A Hora Azul’, e isso pode receber muitas interpretações: o momento do entardecer; uma esperança; a expectativa de uma resposta sobre algo muito esperado. Tudo isso pode ser ‘a hora azul’, para mim…

Foi criado em 1912 por Jacques Guerlain, e é todo nostalgia!
Li uma saga denominada ‘Trilogia O Século’, escrita pelo Ken Follet. O primeiro livro (‘Queda de Gigantes’) tem como cenário o mundo do pré, durante e pós 1ª Guerra Mundial. E L’Heure Bleue poderia ser a ‘trilha olfativa’ de tal livro. Ao mesmo tempo em que apresenta a riqueza e o luxo da aristocracia, mostras as infinitas dificuldades dos operários, classes sociais menos favorecidas e soldados no front. Aqui o perfume aparece duas vezes: na alva pele e roupas de tecidos luxuosos das damas da sociedade, frequentando eventos sociais e flertando com cavalheiros e aparece na obstinada perseverança das costureiras, das operárias, das mães solteiras, das criadas que sofrem os horrores da guerra sem perder a esperança de dias melhores e mais justos.
Delírios literários findos, vamos falar do perfume: tem a aura do início do século mas não soa datado como seus contemporâneos. É oriental floral, é rico em notas, e sim, é daqueles perfumes tão bem estruturados que fica difícil reconhecer notas olfativas, pois elas são entrelaçadas com tanta harmonia que senti-las ‘avulsas’ é tarefa para especialistas, coisa que estou longe de ser…
Notas de saída: anis, coentro, neróli, bergamota, limão siciliano.
Notas de coração: cravo (flor), orquídea, heliotrópio, jasmim, neróli, cravo-da-India, rosa búlgara, violeta, ylang-ylang, tuberosa.
Notas de fundo: íris, sândalo, almíscar, benjoin, baunilha, vetiver, fava-tonka.
Começa com toque herbal picante, especiarias, notas cítricas. Logo revela uma impressionante harmonia floral onde pude sentir a rosa, a violeta, o ylang-ylang. Sinto flores ‘quentes’ em L’Heure Bleue: como se eu estivesse em uma estufa cheia de flores, sem ventilação, sob sol do meio dia. São flores abafadas, cálidas, extremamente femininas e de uma elegância cheia de atitude: as flores-dama de L’Heure Bleue estão é loucas para arrancar os espartilhos e vestidos com metros e mais metros de tecido, colocar calças compridas e levar sua feminilidade forte para assistir e participar das mudanças sociais que estão por vir.
As notas de fundo são bem orientalizadas, com o toque levemente amargo-resinoso-medicinal do benjoin, o atalcado da íris, o amadeirado-doce do sândalo, o frescor exótico do vetiver e a inconfundível baunilha da casa Guerlain (o famoso ‘Guerlinade’).
L’Heure Bleue soube envelhecer sem perder a beleza e o encanto! É uma mulher madura, sábia, sedutora e que guardou no coração a esperança e a intensidade de seus 15 anos.
Um obra de arte!

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Kenzo Jungle L’Elephant

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Sempre imagino um mercado indiano daqueles coloridíssimos e cheirosíssimos – mercado cenográfico tá, coisa de filme – sendo invadido por uma ruidosa manada de elefantes daqueles adornados para atrair turistas. A justa revolta dos elefantes anteriormente aprisionados pisoteando especiarias, frutas e colares de flores. E retornando à selva, de onde nunca deviam ter sido retirados…

Kenzo Jungle L’Elephant é estar ali no meio de tal mercado, ao mesmo tempo assustador e fascinante. Lotado de especiarias, exótico e imenso, desperta amor e ódio.

Da primeira vez que senti não tive nenhuma identificação. E fiquei rodando pra lá e pra cá com a amostrinha na bolsa, até que um dia resolvi dar outra chance. E daí aconteceu um amor tão forte, tão forte que no mesmo dia voltei pra casa com um vidro de 50ml.

L’Elephant começa com cravos doces – parece que estavam mergulhados na calda de alguma compota – e cominho em sua melhor forma: sementes recém colhidas e esmagadas que dão uma boa dose de selvageria ao perfume, faz pensar em suor!

O tempo passa, o perfume cresce: a manada se aproxima! Mangas suculentas, colares feitos gardênias, heliotrópio e ylang-ylang, tigelas de barro contendo cominho, cardamomo, sementes de erva-doce, noz-moscada, preparados de curry e masala! Que riqueza, que calor! Em alguns momentos sinto o delicioso cheiro de masala chai.

Depois de muitas horas, depois da espetacular e devastadora passagem da manada, o mercado tenta recuperar sua ordem. O que temos agora é um odor ambarino e dourado, salpicado com baunilha e ainda rescendendo especiarias.

Não recomendo compra ‘as cegas’, pois Jungle L’Elephant é daqueles que causa paixão ou repúdio. Foi criado em 1996 por Dominique Ropion.

Projeção estratosférica, fixação de mais de 8 horas. Cuidado com a quantidade de borrifadas.

Notas de saída: mandarina, cravo, cominho.

Notas de coração: alcarávia, manga, heliotrópio, ylang-ylang, alcaçuz, gardênia,  cardamomo.

Notas de fundo: âmbar, patchouli, baunilha.

Leia excelentes resenhas sobre tal perfume nos links:

http://pimentavanilla.blogspot.com.br/2014/04/um-elefante-incomoda-muita-gente.html

http://www.parfumee.com.br/2014/06/um-elefante-incomoda-muita-gente-mas.html


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Rastro – O Primeiro Perfume Brasileiro, por Daniel Barros

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Ah, o perfume Rastro… quem não se lembra? Quem usou? Quem era ‘jovem demais’ para usar e cobiçou o frasco na penteadeira dos pais ou outros adultos?

Confesso que nunca tive um frasco desse ícone da perfumaria brasileira, mas outro dia fiquei felicíssima de achar em uma perfumaria o sabonete que levava o nome Rastro. Mas olha, nada a ver com o original, uma pena.

Ficou saudoso também? Leia mais sobre a história do perfume no link abaixo!

http://www.fragrantica.com.br/novidades/Rastro-O-Primeiro-Perfume-Brasileiro-2014.html


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Visitando a ‘Al Zahra’…

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Nesse último sábado fui convidada a conhecer o belíssimo espaço perfumado da Julia Biase, a loja Al Zahra. A Julia é uma pessoa muito querida, adora compartilhar seu vasto conhecimento sobre perfumaria árabe mostrar sua preciosa coleção de perfumes.

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“Na Al Zahra perfumes são jóias, feitas exclusivamente para mulheres únicas, maduras, de personalidade forte, independentes, sedutoras e poderosas. Mulheres que não abrem mão de sua feminilidade e realização dos seus sonhos, mulheres que conquistam pelo mistério e não pela exposição exagerada de sua intimidade. Cada perfume é capaz de transmitir emoções e fazer sonhar.

Diferentemente das bases florais do ocidente, as essências orientais são cuidadosamente desenvolvidas a base de madeira, âmbar, oud, flores exóticas e especiarias. As embalagens são feitas em cristal e/ou vidros com aplicações de pedrarias e alto relevo, acondicionadas em caixas exclusivas como joias, tão especiais quanto a tradição histórica do povo árabe na arte da perfumaria.”

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Nada é tão real quanto essas afirmações, retiradas do site da loja. Os perfumes realmente são jóias! Os frascos são riquíssimos, lindamente ornados, finamente embalados. Os perfumes então… coisas das Mil e Uma Noites. Parecem poções mágicas engarrafadas! Engraçado, ali você vê tantas particularidades da perfumaria oriental:  o caráter ‘mágico’ de cada perfume, a textura oleosa (existem também perfumes em spray, mas a maioria é em óleo), o ato de perfumar-se para si, e não para o outro. Vou explicar…

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A perfumaria oriental muitas vezes me parece ser voltada para o ‘outro’, visto a importância imensa dada ao ‘rastro’ deixado pelo perfume e pela durabilidade na pele. A perfumaria oriental é íntima, particular. Embora os perfumes sejam intensos e de fixação infinita, eles não são invasivos. Dá vontade de ficar bem pertinho da pessoa que está usando para sentir mais e mais!

Além de ter a oportunidade de conhecer um número sem fim de perfumes, a Al Zahra ainda estava disponibilizando outras atividades: cada cliente que adquirisse um perfume poderia fazer uma tatuagem de Henna com a profissional Adriana Morais e alinhamento de chacras ou quiromancia com a terapeuta holística Katia Daher. Mulheres incríveis, fortes e adoráveis, posso garantir!

IMG_20160611_143827 - Cópia

Aliás o clima da loja é incrível e acolhedor. Não sei se é a gentileza e disponibilidade da Julia e sua equipe, se é a magia do incenso bakhour queimando logo na entrada da loja (e perfumando toda a rua), se é o café, o chá e as tâmaras servidos com tanta delicadeza, se é o fascínio desses perfumes tão exóticos… Deve ser um conjunto. Mas olha, se puder, visite a loja da Julia! Você vai se sentir em outra realidade, vai se sentir Sherazade, se sentir sheik, se sentir Cleópatra!

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Dica de perfumes maravilhosos: Raheeq Al Oud (pura essência de Oud), Saadia, Lulutal Bahrain Silver, Asala Attar. E tinha um de chocolate que não lembro o nome, mas era um espetáculo! Fazia parte de um estojo com 3 óleos, poderiam ser usados individualmente ou juntos.

Julia, foi uma alegria ímpar conhecer seu espaço e ser tão bem recebida! Obrigada por tudo! Só tenho a lhe desejar mais e mais sucesso! Shukran Jazilan, Habib!

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Mauboussin, Mauboussin

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Tadinho, estava esquecido no fundo do armário… Engraçado como a gente sempre deseja perfumes novos, mas esquece os tesouros que já temos e pouco desfrutamos.

Meu Mauboussin veio de uma viagem a Foz do Iguaçu. Seu frasco é belíssimo e foi projetado por Thierry de Baschmakoff, famoso designer de vidros de perfumes.

Dei duas borrifadinhas e fiquei meia hora me perfumando o motivo de eu ter deixado ele sem uso tanto tempo… Que perfume bom!

Inicia com notas frutais. Tem uma doçura sumarenta, pensei em ameixas douradas, nêsperas, laranja kinkan, physalis. Frutas amarelas que conseguimos comer de um bocado, sem medo de parecer esganado ou ‘sem modos’…

Em meio a todo esse sumo aparecem flores bem femininas, com leve toque datado: elas fazem pensar em maquiagem, batom e pó compacto! Rosa, jasmim, o inconfundível  ylang-ylang!

As notas finais são ambarinas e resinosas. Tem notas amadeiradas cheias de classe e seriedade, dão um aspecto mais  maduro ao perfume. O patchouli aqui atua em parceria com as demais madeiras, dá um toque ‘abafado, adocicado e mofado’. Por isso amo tanto o patchouli, ele pode ter tantas caras: mofado, doce, achocolatado, canforado, ripongo, terroso, escuro…

Mauboussin tem uma aura saudosista, filho temporão dos anos 80!

Perfeitamente compartilhável, criado por Christine Nagel no ano 2000.

Notas de saída: mandarina, bergamota, ameixa amarela, ameixa européia.

Notas de coração: rosa turca, jasmim indiano, ylang-ylang.

Notas de fundo: âmbar, patchouli, baunilha, styrax (benzoim), sândalo, cedro.

 

 


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Rumba*, Balenciaga

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Rumba: é uma derivação mais lenta do cha cha cha com influências de ritmos africanos. É muitas vezes apelidada de “dança do amor”. Rumba é uma dança cubana em compasso binário e de ritmo complexo que influenciou e foi incorporado ao flamenco.
E lá vamos nós falar de um perfume do tipo ‘ame ou odeie’, daquelas bombas da década de 80 que atualmente são consideradas ‘fora de moda’ e agressivas demais. Rumba sempre foi desses, aposto que não era todo mundo que gostava nem na própria época do lançamento…
Rumba é do tipo ‘caliente’, carnal, tem sangue latino tudo que os perfumes da J. Lopes e da Shakira deviam ser mas não tiveram coragem.
Foi lançado em 1989 e suas notas olfativas são:
Notas de saída: flor-de-laranjeira, ameixa, framboesa, pêssego, manjericão, bergamota, ameixa amarela.
Notas de coração: mel, magnolia, cravo (flor), tuberosa, gardênia, orquídea, jasmim, margarida, heliotrópio, lírio-do-vale.
Notas de fundo: couro, sândalo, ameixa, fava-tonka, âmbar, patchouli, almíscar, baunilha, musgo-de-carvalho, cedro, estoraque.
Quis colocar as notas olfativas de Rumba logo no começo da resenha para que as pessoas que nunca ouviram falar dele tenham noção de seu potencial. Ok, sei que é tudo sintético, mas se não fosse… gosto de imaginar os piripaques que os burocratas do IFRA teriam cada vez que ouvissem o nome Rumba. Morria tudo.
Rumba abre com frutas sumarentas. São frutas maduras, plenas de cores e sumos. O engraçado é que em todas as fases de Rumba acho que ele tem ‘cheiro de pele’, é como se o sumo dessas frutas escorresse pelos braços de quem as mordeu e ali secasse. A flor-de-laranjeira é bem presente, deixa a fase inicial do perfume doce, exótica, brejeira.
A segunda etapa de Rumba é uma avalanche floral-intoxicante: tuberosas, jasmins, gardênias, magnólias. Todas elas cremosas, de pétalas carnudas, cobertas com mel e esfumaçadas. Sinto aqui uma fumaça resinosa, encorpada, quase uma defumação. Seria o efeito das flores brancas quase tóxicas e quase malignas? A margarida e o lírio, tadinhos, tão inocentes… juro que não os encontrei, perdidos entre tantas damas inebriantes. Depois o heliotrópio aparece acentuando a nota do mel. Bem como ‘cheiro de pele’, Rumba tem o tempo todo cheiro de mel. Mas nada de mel docinho e infantil, com cheiro de bala. É néctar, é viscoso, é armadilha escorregadia e dourada. E sim, é doce. Mas nada melado.
O final de Rumba é maravilhoso! Couro macio, acho que é daqui que vem o cheiro orgânico e sensual que eu chamei o tempo todo de cheiro de pele.Tem ainda o cheiro de tudo que é belo na perfumaria, e eu não fiz o menor esforço para identificar notas… quem teve o atrevimento de misturar couro, sândalo, ameixa, fava-tonka, âmbar, patchouli, almíscar, baunilha, musgo-de-carvalho, cedro e estoraque como notas de fundo de um mesmo perfume merece ao mesmo tempo uma surra e uma estátua em praça pública!
Só digo que é dual, feminino e masculino. É doce e é seco, é macio e é cheio de arestas.
Rumba é um perfume pedra-bruta, sem lapidações. E se fosse lapidado talvez perdesse sua beleza…
Tem duas versões: a da marca Balenciaga e da marca Ted Lapidus, não sei o motivo. Tenho a da Balenciaga e já me disseram que não tem diferenças entre as duas.
Eu, mesmo não tendo nenhuma habilidade como dançarina, seguirei o ritmo até o fim. E olha, 100ml é Rumba até o fim dos tempos heim…

*Esse post é uma republicação.


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Luck for Her, Avon

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Mais um lançamento da Avon, oba! Recebi esta semana o Luck for Her e fiquei admirada com a beleza do vidro! Lindão heim? Bem feminino sem ser piegas.

Desta vez não encontrei a ousadia do Far Away Infinity e sim um perfume que vai agradar grande parte das mulheres, de todas as idades.

Na realidade, dentro da caixa recebida existia um folheto explicando que de janeiro a março deste ano foi realizado um teste cego com 250 consumidoras das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Tal teste mostrou que 3 em cada 5 mulheres preferiram Luck quando comparado ao perfume mais vendido no país (qual será, qual será?). Que máximo essa pesquisa da Avon! Isso sim é interesse em agradar seu público, arrasou!

Luck é perfume floral com toques orientais e gourmands. Poderia dizer que ele estudou na mesma escola do La Vie Est Belle, do Miss Dior e tantos outros perfumes blockbusters. Mas não tenta se parecer com nenhum deles, que fique claro.

Inicia com notas frutais doces e apetitosas, me fez pensar em bolo de abacaxi gelado, pode? Doce e refrescante ao mesmo tempo. Toda essa doçura frutal é sustentada por flores brancas comedidas: nem narcóticas e invasivas, nem inocentes e comuns. São bem orquestradas, essas flores brancas! Sinto aqui flor de laranjeira, jasmim, um tiquinho de tuberosa e rainha da noite.

Dama/rainha da noite é o nome dado a muitas plantas de floração noturna e odor intenso, no caso do Luck, falamos da flor do cacto Peniocereus greggii. Nunca vi tal flor, mas o cheiro no perfume me fez pensar em outra flor de cacto, também chamada de dama da noite ou flor da lua (Epiphyllum oxipetalum).

(Imagem: https://johndonoghue.wordpress.com/2012/06/24/night-blooming-cerus-peniocereus-greggii/)

Sinto algo que deixa o perfume um pouco ‘picante’ nas duas primeiras horas de uso, mas não sei nomear. Pensei em mirra, em vetiver, em incenso.

No final as notas florais ganham o aspecto cremoso e macio do sândalo.

Perfume para agradar gregas e troianas!

Foi criado pela perfumista da Givaudan Adriana Medina, suas notas olfativas oficiais são:

Notas de saída: limão, frutas vermelhas, mandarina.

Notas de coração: flores brancas, rainha da noite.

Notas de fundo: sândalo.


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Patchouli/Oriza (Pogostemon cablin, Pogostemon heyneanus ou Pogostemon patchouly)

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O Patchouli ou Oriza, como é conhecido em algumas regiões do Brasil (Pogostemon cablin, Pogostemon heyneanus ou Pogostemon patchouly família Lamiaceae) é originário da Índia e seu nome provém da língua tamil: patchai (verde) e ellai (folha).

A planta é uma erva arbustiva que chega a atingir cerca de 60 cm de altura. Ainda que prefira clima quente, não gosta de exposição direta à luz do sol e murcha facilmente se não receber a quantidade certa de água por dia. As sementes são muito frágeis e são facilmente destrutíveis. Pode-se propagar, contudo, por estaca (ramos cortados ganham raiz em solo úmido ou em água).

A planta foi trazida para o Oriente Médio ao longo da rota da seda, e foi graças ao famoso conquistador Napoleão Bonaparte que o patchouli chegou à Europa. Napoleão trouxe para a França um par de xales de caxemira que ele encontrou no Egito. Os xales eram impregnados de óleo de patchouli, que foi usado para repelir insetos e protege-los de mariposas, mas a origem do perfume foi mantida como segredo.

O patchouli se tornou inicialmente conhecido na Inglaterra em 1820, quando foi usado para impregnar os xales indianos que ficaram tão na moda que os desenhos eram copiados pelos tecelões de Paisley para serem exportados para muitas outras partes do mundo. Contudo, era impossível vendê-los se não cheirassem a patchouli. Na década de 1860, o aroma de patchouli possuía a mesma popularidade na Inglaterra como teria na década de 1960. Durante os anos 60 e 70 este óleo perfumado pungente que tem uma forte referência oriental era usado pelos hippies, que muitas vezes eram ligados ao movimento Hare Krishna. Infelizmente, os hippies contribuíram para a má reputação de óleo de patchouli, porque eles fizeram surgir formulações sintéticas de má qualidade para atender a demanda do mercado.

O aroma de patchouli é descrito como terroso e herbáceo com o coração verde rico e uma base amadeirada. O perfil olfativo de óleo de patchouli, no entanto, depende fortemente das técnicas de cultivo, o tempo da colheita, o processo de secagem e técnicas de destilação. O óleo de alta qualidade é obtido a partir de apenas 3-4 pares superiores de folhas maduras, em que a concentração mais elevada do óleo puro é encontrado. A secagem adequada é assegurada pela colocação das hastes cortadas e folhas em uma superfície seca e virá-los com frequência para evitar a fermentação rápida. Quando o processo estiver completo, as folhas são retiradas dos caules e colocados em cestos para permitir a fermentação e liberação de seu aroma. A qualidade final dependerá também da habilidade do produtor, que controla o nível de fermentação. Apenas um pequeno número de destilarias é especializada na produção deste extrato altamente refinado, que encontra a sua utilização em alta perfumaria.

O oleo de patchouli é obtido por destilação a vapor ou CO2-extração das folhas secas. O óleo tem um sabor rico, balsâmico e herbáceo com um tom mentolado-lenhoso. O absoluto é um líquido verde escuro obtido por extração com solvente de folhas secas. O absoluto tem um aroma rico, pronunciadamente doce, herbáceo e de tom balsâmico.

Uma das características mais maravilhosas do óleo de patchouli é que ele torna-se ainda melhor com a idade. O óleo recém destilado tem propriedades menos ricas em termos de aroma do que um óleo mais “velho”.

Alguns perfumes com notas de patchouli:

Angel, Thierry Mugler

Vanille Patchouli, Molinard

Midnight Poison, Dior

Coco Mademoiselle, Chanel

C’est La Fete Patchouli, Christian Lacroix

Mon Parfum Cheri par Camille, Annick Goutal

Let it Rock, Vivienne Westwood

Tom Ford for men Extreme

Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Patchouli

http://www.fragrantica.com/notes/Patchouli-34.html

http://www.renatahermes.com.br/2014/01/oleo-essencial-de-patchouli/


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La Panthère, Cartier, Eau de Parfum Légère

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Já coloquei logo no título que se trata da versão ‘Légère’ do perfume. Pra eu mesma viu, antes que eu comece a reclamar mil vezes que o perfume é suave demais e fixa pouco.

Segundo o famoso dicionário Michaelis, légère significa leveza, brevidade, ligeireza. Então já sabemos que essa versão do La Panthère vai ter cara e comportamento condizente.

Tenho uma amostrinha dele, mas já o vi ‘pessoalmente’ e afirmo que é um dos frascos mais belos e ricos que já vi. É lindo de morrer.

La Panthère Légère (a partir de agora chamarei de LPL) é morno e de sensualidade madura e sem alarde. É a delícia do cheiro da pele nos lençóis, no pijama.

Começa com notas frutais que me fazem pensar em pomos doces e ao mesmo tempo aguados: pêra d’água, maçã fuji. Tem também uma nuance verde, folhas trituradas.

Logo surgem delicadíssimas flores brancas, que nunca foram tão despidas de seu poder inebriante. Com que suavidade se apresentam no LPL! Jasmins e gardênias rodeadas de talco de rosas e íris. E aqui também temos aspectos leitosos e saponáceos.

Depois de umas duas horas na pele (e você já tem de chegar bem perto para poder sentir o cheiro) aparece o almíscar com uma leve faceta animálica, couro delicado que me faz pensar em finas luvas de pelica e mais um tantão de íris amanteigada.

Entendi então onde mora o perigo em LPL. A pantera está ali sim, a espreita. Ela só não faz o gênero ‘escandalosa’…

Engraçado né, eu nasci em 1980 e sou da época do chulo Concurso das Panteras que passava no programa Viva a Noite (sim amiguinhos, as crianças dos anos 80/90 viam cada coisa na TV… e sobrevivemos viu!). Então na minha cabeça sempre associo o termo ‘pantera’ a algo mais explícito e até mesmo vulgar…E aí vem o LPL, joga meu conceito no chão, me faz construir outra ‘mulher-pantera’ e me apresenta outro estilo de felinidade.

Obrigado, LPL, por derrubar conceitos e me manter pensante e reflexiva.

LPL foi criado em 2015 por Mathilde Laurent.

Notas de saída: frutas secas, limão, pera, notas verdes, tangerina.

Notas de coração: gardênia, tiaré, jasmim, pêssego, rosa, ylang-ylang, aldeídos.

Notas de fundo: almíscar, couro, musgo de carvalho, patchouli, raiz de íris.

 


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James Bond 007 Quantum, Eon Productions

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Bond é descrito como um homem alto, moreno, caucasiano, de olhar penetrante, viril, porte atlético e sedutor, com idade estimada entre 33 e 40 anos, apreciador de vodka-martini (Batido. Não mexido), exímio atirador com licença 00 para matar (sétimo agente desta categoria especial, daí seu código 007) e perito em artes marciais, que combatia o mal pelo mundo, a serviço do governo de Sua Majestade, com charme, elegância e cercado de belas mulheres, sempre se apresentando com a famosa frase “Meu nome é Bond, James Bond”.

E quem não conhece James Bond, o agente 007!

Mesmo quem não conhece, ao ler a descrição acima consegue imaginar um perfume para tal ícone masculino usar, certo? Que cheiro teria James Bond? Em minha cabeça, colônia Brut ou Eau Sauvage, da Dior. Clássicos, atemporais, daqueles que nunca (e em nenhum lugar) estão errados.

Eu já não tinha grandes expectativas quanto ao ‘James Bond 007 Quantum’, mas quando abri o sachezinho da amostra quase morri de desgosto. Que perfume bobinho! Jamais que 007 usaria tal banalidade!

O perfume se assemelha aos que já vimos 15874978 vezes na perfumaria masculina. E isso o torna tão descartável, tão ‘qualquer coisa’…

Começa com notas cítricas e um quê alavandado/herbal/picante. Depois aparecem notas atalcadas, com cheiro de produto de higiene pessoal. Por último aparece uma nota amadeirada doce. O couro que prometeram as notas olfativas fugiu antes de ter que passar essa vergonha.

Além de tudo a durabilidade de tal perfume na pele é vergonhosa (menos de 1 hora).

Notas oficiais: bergamota, junípero, folhas de violeta, sândalo, couro.

Deixo vocês com o choro do agente secreto no filme ‘007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade’.


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É antiguidade? É vintage? Eu amo!

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Miss Dior, Diorama

Se você é como eu e adora um frasco de perfume antigo/vintage, vai adorar passear nesses dois sites! Um deles, o Museu Virtual da Internacional Perfume Bottle Association vai te entreter e te fazer viajar no tempo por horas.

O Passion for Perfume tem um catálogo menor, mas os frascos estão todos a venda!

Um esclarecimento…

Vintage é qualquer peça que tenha pelo menos 20 anos e menos de 100 anos, pois, a partir de 100 anos a peça já é considerada antiguidade.

Retrô, é considerado uma imitação de estilo antigo, só que a peça é nova. Todas as peças novas que imitem alguma era anterior é uma peça retrô. Isso em qualquer setor, desde a moda até os utilitários, caixas decorativas, etc.


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Eau Trouble, Brecourt

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Há tempos estou com amostras da casa Brecourt, marca de nicho francesa fundada em 2010 por  Emilie Bouge.

O que esperar de um perfume nomeado ‘Água Problema’… O que eu esperava já não interessa, vamos falar do que eu encontrei.

O perfume me trouxe uma memória de infância perdida, o cheiro de algum objeto de plástico ou borracha que foi querido e se perdeu… fisicamente e  da memória. Só consigo lembrar do seu cheiro e que era da Minnie, nada do formato, da cor, nem mesmo se era um brinquedo ou outro objeto… Engraçado né! Para mim, a memória mais forte de tal objeto é o cheiro.

Eau Trouble tem incenso logo na saída, é esfumaçado e doce. Depois sinto notas florais ‘fofas’, me atrevo a dizer que têm textura, são macias e carinhosas. O heliotrópio tem um viés de produto de higiene infantil, ao mesmo tempo atalcado e ‘alavandado’. Em meio a ternura dessas flores existe um toque adstringente verde que não deixa o perfume se tornar um floral comum. Existe equilíbrio.

Me fez pensar em óleo de bebê.

Depois de umas 2 horas na pele surge um aroma herbal mais comum em perfumes masculinos, almíscar morno e sensual, madeiras e uma nota de íris tão delicada que chega a ser infantil.

Eau Trouble foi uma vivência deliciosa! Um dos perfumes mais acolhedores e gentis que conheci. Parece engarrafaram um abraço, e aí você escolhe se é o abraço de um homem, de uma mulher ou de uma criança. Todos eles moram ali, dentro do frasco!

O ‘Problema’… o problema é que eu não tenho um frasco grande para usar com fartura.

Notas de saída – cenoura, tangerina, incenso

Notas de coração – flor de laranjeira, heliotrópio, chá.

Notas de fundo – vetiver, almíscar, cedro da Virgínia, raiz de íris.

 


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Pin-Ups perfumadas!

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Contam que minha avó, lá nos anos 50/60 recortava imagens de Pin-Ups de revistas e fazia quadros para pendurar no banheiro. Achava lindas as mocinhas voluptuosas em poses inusitadamente sensuais. A maquiagem, o cabelo o vestido, tudo a encantava! As mulheres da vizinhança e da família achavam ‘ousada’ e até mesmo vergonhosa a decoração do banheiro da minha avó. Mas ela, que nasceu dois anos antes da Primeira Guerra Mundial e perdeu tanto logo cedo, não se importava com isso. Seguia enfeitando o banheiro com suas Pin-Ups! Cheguei a ver alguns de seus recortes e quadros… que saudade!

O termo surgiu entre as décadas de 40 e 50 para designar as imagens de mulheres com forte atrativo sensual que eram ilustradas em larga escala, fazendo parte assim do que conhecemos como cultura pop. Essas imagens eram ilustrações, pinturas ou fotografias de atrizes e modelos que representavam a época. As imagens eram usadas especificamente para revistas, cartazes, cartões postais e principalmente calendários, que foram muito utilizados por soldados na Segunda Guerra Mundial. Esses deixavam os calendários pendurados, por isso, o termo pin-up, pendurar em inglês.

Deixo aqui com vocês algumas Pin-Ups perfumadas. Espero que gostem!

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Fontes

http://www.menteflutuante.com.br/2013/01/o-que-e-pin-up.html

http://mahogany.com.br/blog/a-incrivel-historia-das-pin-ups/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pin-up


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Rasha, Rasasi

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A perfumaria árabe é um mergulho em um Oriente imaginário, terra de sultões, Aladins e Sherazades. A Arábia mítica descrita em um livro da minha infância chamado ‘As Aventura de Hassan de Bassorá‘. Descobri hoje que Bassorá é uma cidade iraquiana.

Me entristece saber que muitos desses lugares que inspiraram tantos sonhos hoje são assolados pelo fanatismo religioso, o terrorismo do Estado Islâmico e outros grupos extremistas. Que cinzento, empoeirado e temeroso está o Oriente do meu livro…

Mas perfumes me fazem sonhar, então me refugio nas Arábias das Mil e Um Noites, no palácio de Hassan, nas casas de banho turcas, nos banquetes fartos em especiarias!

Rasha é um perfume oleoso, são 12ml ricamente adornados por embalagem metálica cravejada de pedrinhas. Flores e folhas criam uma bonita filigrana no frasco.

Assim que o óleo entra em contato com a pele sentimos o cheiro doce de frutas maduras e um cheiro picante e levemente animálico. Como se a pessoa que estivesse carregando as frutas tivesse transpirado no percurso.

Logo surge um cheiro especiado, noz moscada ou cardamomo, masala tchai morno.

No fundo temos a doçura/cremosidade/sacralidade do sândalo, nota ambarina e algo leitoso com um breve aspecto azedo. Curioso…

No dia seguinte peguei a blusa que estava usando no dia do Rasha e o perfume estava lá, ainda mais intenso! Os odores doces, ardidos, leitosos e animálicos estavam harmonizados, belos e até um pouco assustadores. Passaram a noite em festa e  orgia, essas notas olfativas! O resultado era sensual demais para a manhã de uma sexta-feira cinzenta, coloquei a blusa no cesto de roupas para lavar…

Perfume belíssimo e ousado, o Rasha! Coisa que atualmente, poucos perfumistas ocidentais se atrevem a fazer.

Notas de saída – folhas e frutas de groselheiro, frutas tropicais.

Notas de coração – cardamomo, jasmim sambac.

Notas de fundo – sândalo, ambargris, leite.


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Mitsouko EDP, Guerlain (republicação)

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Mitsouko foi criado por Jacques Guerlain em 1919. Foi inspirado na heroína do romance de Claude Ferrièrre, ‘La Bataille’, uma história de um amor entre Mitsouko, a esposa do japonês almirante Togo, e um oficial britânico. A história se passa em 1905, durante a guerra entre a Rússia e o Japão. Ambos os homens foram para a guerra, e Mitsouko, escondendo seus sentimentos com dignidade, aguarda o resultado da batalha para descobrir qual dos dois homens vai voltar para ela e ser seu companheiro.

Uma especulação: o nome pessoal “Mitsouko” no uso dos caracteres chineses na língua japonesa é Mitsuko. O “Mitsu-” significa “mistério” ou “misterioso”.

 Possui o mesmo frasco de L´Heure Bleue (1912). De maneira simbólica, esses dois frascos abrem e fecham os parênteses entre o início e o fim da guerra.

“Mitsouko é fragrância misteriosa, não permitindo que todos possam ver a sua beleza. A abertura é longa, como um jogo de todas as belas notas, e, é claro, esta fragrância não é para uso diário comum. Na pele soa como se ele começa de longe, sem qualquer alusão à sua intensidade e do lado sensual. Mitsouko é um dos aromas bem conhecidos do grupo olfativo chypre com notas de cabeça frescas e musgo de carvalho na base. Mas também tem uma nota de um pêssego suculento, o que dá uma nuance clara e bastante gourmand. Possui bergamota, pêssego, jasmim, rosa de maio, especiarias (canela), musgo de carvalho, vetiver e madeira. A fragrância é exuberante, incomum e elegante, não muito doce, nem pesado, é bem equilibrada. Eau de Toilette é muito mais nítida, enquanto a Eau de Parfum é mais quente e agradável. A riqueza total da composição, no entanto, é revelado apenas na concentração de perfume” (Fonte: Fragrantica).

Lançado 2 anos depois do mítico Chypre, da Coty (1917) – que deu nome a toda uma família olfativa – Mitsouko é o chypre perfeito! Diz-se que foi um dos primeiros a utilizar o acento sintético de pêssego – aldeído C14.

Mais uma vez a “Guerlain antiga” me confunde e me atordoa… E nem sou fã número um da família chypre… Por que não consigo distinguir as notas com tanta facilidade como consigo com a maioria das elaborações atuais? A resposta é tão simples: maestria, boa elaboração, boas matérias primas, inspiração! Bem como Shalimar, Jicky e Habit Rouge, Mitsouko abre portais. Permite-nos viajar a uma época onde perfumaria era arte, e não comércio. É um dos perfumes mais completos, bem feitos, ricos e atemporais que conheço. Muitos poderão dizer que “cheira a coisa velha”, ou que “é o perfume da avó”, mas por favor, mais uma vez eu digo: não falem isso! Abstraiam essa questão do que “cheira a novo” e do que “cheira a velho”, substitua por ‘cheira a clássico” e “cheira a moderno”, ou qualquer outra terminologia menos chucra, por favor… Mitsouko, apesar de ser inabalável, entristece quando alguém o rotula como perfume de velha…

Mitsouko é perfeito. Ao mesmo tempo leve e pesado, sutil e impactante, delicado e agressivo, conservador e transgressor. O aspecto “guerlinade” é suave e com pouco do atalcado característico desta época da perfumaria Guerlain. Mitsouko é seco, é frio, mas não distante. É reservado, é misterioso, como seu nome sugere. Passou sim por reformulações ao longo dos anos para substituição dos componentes ditos alergênicos, mas não acredito que seu aroma tenha sofrido alterações drásticas.

Poderia ficar horas falando bem dele, mas acho que seria redundante… Mitsouko é beleza e refinamento. Mas digo: se você está acostumada (o) a formulações modernas, frutadinhas, docinhas e gourmands (e quem não está? É a maior parte dos lançamentos comerciais…), ele vai te agredir, te fazer torcer o nariz e espirrar, vai te despertar certa aversão. Nesse momento, por favor, lembre-se que estará na frente de um dos maiores clássicos da perfumaria, um verdadeiro monumento. Solenemente, curve-se e preste reverência…

Notas de saída: cítricos, jasmim, bergamota, rosas.

Notas de coração: pêssego, lilás, jasmim, ylang-ylang, rosas.

Notas de fundo: especiarias, âmbar, canela, musgo-de-carvalho, vetiver.

Abre com jasmim e rosas fortemente aldeídicos, deixando logo o pêssego adornado pelo ylang-ylang sobressair e dominar a composição. As rosas sempre presentes tornam a composição mais feminina e dócil. As especiarias (sinto uma leve ardência: seria cardamomo? Cominho? Pimenta?) mais especificamente a canela são exóticas e ariscas! O musgo-de-carvalho que é parte obrigatória de um perfume chypre é profundo. O vetiver torna a base do perfume menos pesada, parece que faz as demais notas ‘levantarem’…

E no final das contas, com quem Mitsouko, heroína resignada e indecisa ficou? Não sei, confesso que não li o livro. Quanto ao Mitsouko perfume, espero que ele fique comigo, que não me falte…


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O sumiço da Loucadosperfumes…

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Oi gente bonita! O blog anda paradinho né? Mas é por causa justa, eu explico…

Dia 26 de julho fui submetida a uma cirurgia de nariz e garganta para retirada de carne esponjosa, correção de septo e uvuloplastia. Agora tô aqui, toda doída e com olfato prejudicadinho devido ao inchaço do pós-operatório.

Aliás, eita pós-operatório infernal! Que fome eu passo, pois só posso tomar líquidos frios e gelados por 10 dias…

Mas tudo vai passar e logo o blog volta com tudo, torçam pela minha recuperação!

Beijos, amigas e amigos cheirosos!


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Miss Dior EDT, Dior

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Antes de tudo, obrigada a todos que desejaram saúde e pronta recuperação! Tá de volta Aloucadosperfumes, agora operada e quase recuperada. Pelo menos já consigo comer miojo e sentir cheiros! A respiração ainda não tá 100%, segundo a médica só sentirei as benesses da cirurgia dentro de uns 40 dias…

Hoje falo de um perfume muito amado, inclusive um dos preferidos da minha mãe, uma senhora de 77 anos. Prova aí que não tá com nada seguir o rótulo, pode ser considerado masculino, feminino, ter a alcunha ‘miss’. Vale usar o que nos traz alegria e bem estar.

O Miss Dior (versão EDT) é um perfume muito bonito mas tenho lá minhas implicâncias com ele. Primeiro, dizem que ele é um chypre floral. Ok, hoje em dia chypre não é mais sinônimo da trinca bergamota-musgo de carvalho-labdanum. O patchouli entrou na jogada e toda essa modernidade em minha opinião descaracterizou a família olfativa. O Daniel Barros explica bem isso aqui. Mas pra mim o Miss Dior de chypre tá bem longe.

Outra coisa, participo de muitos grupos de discussão, trocas e vendas de perfumes em redes sociais e não aguento mais ver o valor exacerbado dado a ele. Só dá o bendito! Quer trocar? Só de for pelo Miss Dior. Qual perfume busca para compra? O Miss Dior. Qual o perfume preferido? O Miss Dior. Cansei.

Mas… vamos deixar meu azedume de lado e falar desse mimo que é o perfume! Ultrafeminino, usa saia balonê, babadinhos e fita no cabelo! Mas tudo com muita elegância e charme!

Começa com flor de laranjeira adocicada e fresca. Depois surgem rosas recém desabrochadas e com um quê de cheiro de maquiagem, de batom. As rosas presentes no Miss Dior são festivas e frutadas, me fazem pensar em morangos!

Essa dupla reina muito tempo até que aparece o patchouli, a verdadeira estrela desta festa. Ao mesmo tempo terroso, doce, fresco. É elegante, nada invasivo, tem meiguice e ao mesmo tempo atitude.

Miss Dior é equilibrado, tem doçura, tem frescor, tem azedinho, tem profundidade.

Mas peloamordedeus Dior, pare de lançar flankers! O que é bom também cansa.

Lançado em 2013, o perfumista criador é François Demachy. As notas olfativas são neróli tunisiano, rosa búlgara, rosa turca e patchouli.


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Krasnaya Moskva (Red Moscou), Novaya Zarya

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Aproveitando o fantástico artigo que saiu no Fragrantica.com sobre a perfumaria russa, republico o post abaixo.

Antes de tudo, um pouco da rica história da marca e do perfume:

Krasnaya Moskva (ou Red Moscou) foi a primeira fragrância ‘soviética’ e certamente a mais popular. De acordo com os perfumistas que trabalham para Novaya Zarya (a fábrica de cosméticos em Moscou, Rússia), a fragrância foi criada por Auguste Michel, mas a data em que foi lançada a fragrância permanece obscura: ou aconteceu em 1913, ou em 1917. De acordo com os arquivos do Osmotheque, Krasnaya MosKva foi criado em 1925.

Krasnaya Moskva é conhecido por todos os cidadãos da ex-União Soviética e seu nome é repleto de associações emocionais. A fragrância é um exemplo clássico de um chypre floral suave, com uma nota fresca de cabeça (bergamota, coentro, neroli, aldeídos), um coração floral picante, com base no cravo, rosa, jasmim e ylang-ylang e uma nota de base, composta de madeiras, notas balsâmicas, íris e tonka.

Novaya Zarya era antes a fábrica de Henri Brocard em Moscou (antes da Revolução, em 1917) e mais tarde foi nacionalizada e recebeu um novo nome soviético – Novaya Zarya.

Henri Brocard foi para a Rússia após a tentativa fracassada de seu pai, Athanase Brocard, de desenvolver cosméticos e sabão na França e depois nos EUA. A concorrência lá era muito forte, mas a Rússia, com a aristocracia e a emergente burguesia ávida de luxos, parecia ser um vasto e atraente mercado.

Henri Brocard começou sua própria fábrica em Moscou, em 1861: ele começou produzindo cosméticos baratos, tais como sabão e pó dentifrício para a classe mais baixa. Seu sabão foi um sucesso instantâneo, devido ao seu preço atraente baixo e a boa qualidade.

Sua mercadoria foi apoiada por publicidade inteligente e bem-humorada: as pessoas nos cartazes da marca eram civis ou camponeses e as cenas retratadas eram muitas vezes bastante cômicas. Acabou por adotar o slogan: ‘O Sabão Nacional’.

O mercado de cosméticos da Rússia já existia muito antes da chegada de Brocard: a enorme fábrica francesa, A.Rallet & Co. (um dia conto sobre a polêmica entre um dos perfumes da Rallet e o Chanel °5), fundada por Alfonse Rallet em 1843. No entanto, a fábrica da Rallet produzia principalmente pomadas e perfumes caros. Após a Revolução, a fábrica foi nacionalizada e ganha um novo nome, Svoboda (‘Liberdade‘), e ainda está em funcionamento.

Brocard, feliz com seu sucesso inicial na Rússia, começou a produzir cosméticos de alta qualidade, acrescentando óleos essenciais e glicerina na esperança de ganhar uma clientela de mais alto nível. Logo a mercadoria de Brocard despertou o interesse da família real e muito em breve a fábrica tornou-se a fornecedora oficial de Sua Alteza Real, Alexandra Fiódorovna, a esposa do último czar russo Nicolau II. O sabonete de luxo que ele começou a produzir não era simplesmente de alta qualidade, também foi muito atraente: oval ou redondo, com letras esculpidas em cada um. É altamente provável que a esposa de Brocard, Charlotte Ravey, que cresceu e estudou na Rússia (mas era na verdade de origem belga), o ajudou muito, já que ela conhecia a cultura e costumes russos.

A fábrica mais tarde acrescentou fragrâncias a sua lista de produtos. A marca ganhou vários prêmios em diversas mostras e feiras, como as realizadas em Nizhny Novgorod, Rússia e até mesmo Paris, na França. Henri Brocard morreu em Cannes, França, em 1900.

A fábrica foi nacionalizada em 1917, depois da Revolução Comunista, e foi atribuído um nome sem sentido ‘ fábrica de Sabão # 5’. Só mais tarde, em 1922, foi dado o nome do novo Novaya Zarya, que ainda perdura. Curiosamente, Polina Zhemchuzhina, a esposa do famoso político soviético Molotov (e amigo íntimo de Stalin esposa Svetlana Allilueva), foi CEO da fábrica por dois anos ( 1930-1932).

Durante a Segunda Guerra Mundial, a fábrica, como muitas outras, foi transferida para Sverdlovsk (anteriormente e recentemente Ekaterinburg ), na área de Ural.

Novaya Zarya tem aproximadamente 64 perfumes criados. O nariz que trabalhou nas fragrâncias é Auguste Michel. (fonte: http://www.fragrantica.com/designers/Novaya-Zarya.html)

Atualmente a casa tem novo nome, agora atende pelo nome de Nouvelle Etoile. Uma velha-nova estrela que sempre brilhará no céu da história da perfumaria!

……………..

Por tudo isso, acabei comprando o Red Moscou. Pelo contexto histórico.

Ele é um floralzão extremamente datado, com um quê de Guerlinesco. É sim, tem algo das fragrâncias antigas de Guerlain. Acho que é a tonalidade atalcada.

O melhor dele? E pura história! Gente, é o perfume que assistiu as mudanças sociais da Revolução Russa! Isso me emociona e me faz viajar aos invernos rígidos e aos palácios rebuscados dos czares bigodudos (vamos falar a verdade: o povo na Rússia de tal época mal podia comprar pão, quanto mais perfume. Então é coisa de czar mesmo…).

Notas de saída: bergamota, flor-de-laranjeira, coentro.

Notas de coração: jasmim, rosa, cravo (flor), ylang-ylang. E digo: tais flores somadas ao coentro são a verdadeira alma do perfume. Reinam sobre as demais notas olfativas… O cravo e o jasmim imperam!

Notas de fundo: íris, baunilha, fava-tonka. A íris é soberana nesse tríade. A baunilha e a fava-tonka só fazem figuração…

O perfume é intenso, ‘carregado’ demais. Mas quer saber: sou uma profunda admiradora do Red Moscou. Ele atravessou um século, assistiu duas guerras mundiais, resistiu às mudanças da sociais e econômicas da Rússia, do Comunismo, da Guerra Fria, da Perestróika. Nunca deixou de ser produzido.

É um monumento russo!

 


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